Descobrir que se sofre de IC pode mudar uma vida. Mas não tem de significar deixar de vivê-la. Na verdade, desde que se tenha noção dos limites do próprio corpo e se mantenha uma boa rotina de cuidados e apoio, é perfeitamente possível continuar a fazer a maior parte das atividades de um dia-a-dia normal.
Existem adaptações fundamentais que devem ser feitas ao estilo de vida, de maneira a melhorar os sintomas e impedir a evolução da doença, como deixar de fumar, reduzir o consumo de álcool, ter uma alimentação saudável e equilibrada e praticar exercício físico. Sim, o exercício físico de intensidade ligeira pode ajudar a melhorar o funcionamento do coração. O importante é falar com o médico primeiro e saber ouvir os sinais de aviso do corpo, evitando atividades que impliquem reter a respiração, dobrar-se ou impulsos repentinos de energia.
Poderá ser confuso, a início, mas existem algumas estratégias que podem ajudar a não perder o rumo, como criar uma tabela de parede com os nomes dos medicamentos, dose e hora do dia a que devem ser tomados, programar um alarme no telemóvel e garantir que se tem sempre medicação suficiente quando se sai de casa, seja para o dia ou em viagem. Afinal, continua a ser perfeitamente possível – e recomendável – que se desfrute de férias, mesmo que se possa sentir alguma ansiedade relacionada com viajar.
No caso das viagens de avião, porém, existem alguns cuidados adicionais a seguir. Alguns pacientes poderão necessitar de suplementos de oxigénio durante o voo e os longos períodos sentado poderão agravar o inchaço dos tornozelos e, por vezes, provocas cãibras musculares – sintomas que podem ser aligeirados com caminhadas breves pela cabine ou uso de meias de descanso durante o voo.
Também o lado profissional, dependendo do que se faz, poderá ter de sofrer adaptações, como redução de horário ou reajustamento de tarefas. Mais uma vez, é fundamental saber ouvir os sinais do corpo e perceber os limites.
É normal sentir ansiedade, raiva ou depressão ao ter conhecimento de que sofre de uma doença grave. Partilhar estas emoções com a família, parceiro e amigos próximos e consultar um terapeuta são medidas que podem ajudar a gerir esta mudança e tornar mais fácil a tarefa de viver com IC.
Raramente um diagnóstico de Insuficiência Cardíaca (IC) afeta apenas quem sofre da doença. Cônjuge, família e amigos próximos são muitas vezes o apoio e principal fonte de cuidados em casa, abraçando novos desafios e lidando com as suas próprias emoções enquanto tentam ajudar da melhor forma quem deles precisa.